A psicologia fornece elementos que se relacionam diretamente com as decisões de um apostador.
Antes de mais nada, vamos fazer uma breve explicação sobre o que significa o Efeito Halo, já que deve ser a primeira vez que muitos dos nossos leitores estão a ler sobre a sua existência. Ele foi criado por um psicólogo americano, e de forma bastante simples e resumida, aborda a forma que nós seres humanos analisamos, julgamos e tiramos conclusões de uma pessoa (ou algo) baseando apenas em alguma característica, perfil, estereótipo, etc. Sendo assim, definimos uma pessoa pela sua forma de vestir, falar, ou gostos peculiares, sem nem ao menos a conhecer a fundo, dando espaço para tirarmos conclusões extremamente precipitadas e erradas.
Este tipo de comportamento é perceptível em milhares de apostadores, pois a maioria tende a criar rótulo para clubes, jogadores e competições. Os julgamentos que muitos fazem são influenciados por essas informações que em algum momento tiveram até alguma lógica, mas o mercado é dinâmico, com altos e baixos, e não existe uma verdade absoluta quando estamos a avaliar a capacidade de quem compete, pois esta muda a toda hora. Relacionar um evento com projeções, mesmo que neste momento estejam desatualizadas, são atitudes que a nossa mente e os nossos sentimentos são capazes de formalizar.
Um exemplo destas expectativas um tanto desproporcionais, pode ser visto em alguns clubes de futebol ou até mesmo seleções. O Barcelona, por ter conquistado milhares de títulos nos últimos anos, além de possuir ter tido a figura de Messi como referência, até hoje ganha status de quase invencível para muitos apostadores, e isso também pode ser comprovado nas probabilidades das casas de apostas. Contudo, as últimas temporadas mostram um clube que caiu bastante de rendimento e não consegue mais construir resultados e campanhas de outrora. A Seleção Brasileira vive de um passado mágico, onde era a melhor seleção entre todas, com uma geração extremamente vencedora. Essa imagem é até hoje mantida por muitos, e causa até espanto quando o selecionador canarinho comete alguns erros ou resultados inexpressivos.
Estar preso em vitórias ou sucesso do passado também é uma forma de desvirtuar a verdadeira análise da possibilidade de ganhos de uma aposta. Estamos a referirnos a craques ou ídolos que ganharam títulos no passado, e quando regressam, seja na condição de jogador ou até mesmo treinador ou dirigente, recebem créditos de forma desproporcional para a realidade. O nosso cérebro recupera esses momentos marcantes, a ponto de transformar uma aposta atual muito mais cheia de mística do que o valor real esperado dela.
Da mesma forma que supervalorizar um clube ou jogador, como exemplificamos no parágrafo acima, existe o caminho oposto, onde é criada uma imagem de fracasso ou desconfiança diante de um mau desempenho ou resultado negativo. Muito apostadores criam barreiras nas suas avaliações de apostas, simplesmente pelo facto de criarem rótulos que o cérebro mantém a imagem viva, sem se aprofundar para saber se houve mudanças significativas.
O que podemos tirar de lição de tudo isso é que a nossa mente é extremamente poderosa, ainda mais quando age instintivamente, mas nem sempre são feitas as melhores escolhas. Para que não tenhas que passar por isso, ou para diminuir consideravelmente esses deslizes, procure sempra argumentos ou avaliações que se confrontem com as tuas escolhas, com ideias objetivas e uma amostra de dados cheia de fundamentos. Dessa forma, foges de narrativas já pré-programadas, tanto do teu cérebro como dos canais informativos que lês e assistes.